segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sketch #1

E naquele momento, em seus braços agarrava, desesperadamente, o que inevitavelmente lhe fugia. Nos olhos onde outrora procurava abrigar-se das demasiadas incertezas, via agora esvanecer seu próprio reflexo.
Como bateria seu coração sem esse outro ditando-lhe o ritmo?
Foi então que um frio e insaciante abraço selou uma carta que lhe parecia inacabada.

Longas e martirizantes foram as horas que se sucederam. Questionou o porquê dos “porquês”. Viu-se afogar em tanta dúvida.
Pobre homem já facilmente se confundia com a melancólica paisagem de um esquecido cemitério. Então, uma infinidade de palavras que devia ter proferido e erros que não devia ter cometido, finalmente, se apresentaram à sua frágil alma, anestesiada pela dor.
“Tarde demais?” – pensou. “É uma parte clara do Homem, esta aprendizagem de natureza tão tardia a que nos sujeitamos.” – analisou porém.

Meses se passaram, e a cova onde tinha decidido enterrar seu amor parecia nunca encher de terra. Como se o humilde coveiro, para além de lento, tivesse o método de, não só encher o infame buraco, como de também retirar um pouco do seu conteúdo quando o processo lhe parecia com boas hipóteses de finalmente se completar, não deixando assim o defunto descansar em paz.

No entanto, quando já não pensava em não pensar no velho assunto, teve sucesso a natureza onde antes falhara o dito coveiro, e, no solo onde antes se notava um mórbido desnivelamento de terras, nada mais se identificava agora do que uma vasta planície verde, pronta a receber o mais florar dos mantos. Mas as nuvens ainda se faziam temer.
E foi aí que viu, o pobre traste, seu reflexo em outros olhos. Viu em tal reflexo seu, um sorriso que já não via em muito em seus lábios. Nunca se tinha visto tão nitidamente antes, nenhum espelho até então o tinha mostrado tão fielmente. Neste reflexo realmente se via. E gostava.
Foram esses verdes olhos que deixaram o sol raiar de novo entre as nuvens, sobre a bela planície, à pouco dominada por uma sombra enorme e cinzenta.

(...)

2 comentários:

  1. q pingas amores q saimos lol ta mto boa esta peça. De uma forma bastante metaforica dando no entanto para entender claramente a mensagem. Mto bom mmo

    Passos

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  2. Thanx mate =)
    isto era suposto ser desenvolvido numa historia....uma historia a sério XD

    mas nunca mais lhe peguei

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